O
Brasil tornou-se independente em 1822 sob a égide de uma monarquia, assim
permanecendo até 1889, quando mediante um pronunciamento militar da guarnição
carioca do exército se instituiu a república, o que perdura até hoje.
As
nossas bandeiras durante este período permaneceram em boa parte iguais. Vejam e
comparem:
(bandeira imperial) |
(bandeira republicana) |
Quais
as principais diferenças entre ambas? Apenas os símbolos inseridos no losango
amarelo. Pois neste o estandarte imperial apresentava um escudo verde, tendo ao
centro a esfera armilar e a Cruz da Ordem de Cristo (em vermelho); havia também
um aro de fundo azul com 19 e depois 20 estrelas brancas (representando as
províncias brasileiras); sobre o escudo estava disposta a coroa imperial; e no
lado esquerdo havia um ramo de café e no lado direito um de tabaco (duas de
suas mais importantes riquezas agrícolas). Enquanto, que na republicana dentro do mesmo losango e no meio deste
havia um circulo ou esfera celeste azul, semeada com diversas estrelas (a
original tinha vinte e uma e a atual apresenta 27), atravessada por uma zona
branca com a inscrição "Ordem e Progresso" em verde. Dentro da esfera está representado o
céu do Rio de Janeiro, com a constelação do Cruzeiro do Sul, às 8h30 do dia 15
de novembro de 1889, horário próximo à deposição do último gabinete imperial. A antes referida inscrição "Ordem e
Progresso" é uma forma abreviada do lema político positivista e cujo autor
é o francês Auguste Comte: O Amor
por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim (em francês: L'amour
pour principe et l'ordre pour base; le progrès pour but).
Houve ainda algumas modificações no formato do losango e nas
tonalidades das cores verde e amarela, conforme se verifica nas imagens acima.
Mas, sobre estas duas últimas é bom se destacar, que elas representavam duas
casas ou famílias reais. O
retângulo verde está relacionado às cores da Casa de Bragança, em Portugal,
família do imperador Pedro I. E o amarelo está vinculado às cores da Casa de Habsburgo, a qual
pertencia a Imperatriz Dona Leopoldina. Por isto se vê, que o Brasil imperial
seria simbolicamente o filho da união entre estas duas famílias da realeza
européia.
É hora
agora de se falar no desenhista da bandeira imperial: Jean-Baptiste Debret. Ele
foi um pintor e desenhista frances, que
veio ao Brasil em 1816 e aqui permaneceu até 1831, envolvido em múltiplos
trabalhos artisticos por sua conta e ainda do estado. Dele se disse, que suas aquarelas
pitorescas possuiam o caráter típico das representações feitas por viajantes em
busca de paisagens e de exotismo, mas sua arte oficial conservou o caráter
solene do neoclassicismo próprio do grupo de artistas da França napoleônica e
especialmente para o Brasil o seu valor esteve em sua capacidade de registrar o
que estava prestes a desaparecer. Voltou já idoso para a França e lá faleceu,
sendo pouco conhecido lá, e muito importante e lembrado aqui.
Um
de seus trabalhos foi a bandeira, que acabou sendo ostentada pelo império
brasileiro. Sobre isto foi relevante a descoberta, nos anos quarenta do século
findo, de um projeto de bandeira atribuído a Debret, feito por encomenda de D.
João VI, em 1820, e que se encontrava no arquivo pessoal do rei, em Lisboa. O
esboço feito pelo artista francês apresentava um desenho já muito parecido com
o que viria a ser o pavilhão do príncipe real. Não há certezas sobre as
intenções do monarca luso ao pedir o estudo a Debret, nem os motivos pelos
quais o projeto ficou esquecido por, pelo menos, um ano – quando D. Pedro
encomendaria a confecção de estandarte similar para ele como príncipe real
português. O fato é que, entre setembro e dezembro de 1822, este pavilhão
passou a ser utilizado para representar a nação após sua independência, ainda
considerada como um reino. Apenas com a sagração e coroação de D. Pedro I como
imperador é que foi substituída a coroa real do brasão pela imperial. Isto leva
a conclusão de que a bandeira imperial do Brasil foi criada, originalmente,
como pavilhão pessoal do Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarves, a pedido de D. Pedro de Alcântara, ainda como príncipe-regente do
Brasil, e que seu autor foi realmente Debret. Razão pela qual lá na França se
escreveu: “Les brésiliens doivent aussi à Jean-Baptiste
Debret, le graphisme et les couleurs, le jaune et le vert, de leur premier
drapeau national ». Um elogio bem merecido !
E a quem devemos a manutenção em boa parte da antiga bandeira nacional
dos tempos imperiais? Foi ao Marechal
Deodoro da Fonseca, que sobre o tema determinou ao governo em bilhete datado de
17.11.1889 o seguinte: “A Bandeira
Nacional, já tão conhecida, e reconhecidamente bela, continua, substituindo-se
a coroa sobre o escudo pelo cruzeiro” (referia-se ao cruzeiro do sul).
Deodoro era coerente consigo mesmo, pois debaixo daquele estandarte combatera
os descendentes dos guaranis na Guerra do Paraguai, desde o seu início até ao
final da mesma. De qualquer forma, ela foi instituída
em 19 de novembro de 1889, ainda durante o governo provisório presidido por
aquele militar, após ser esquematizada por Raimundo Teixeira Mendes e Miguel
Lemos (ambos positivistas) e desenhada pelo artista Décio Vilares.
(Marechal Deodoro da Fonseca) |
Desde
os anos setenta um exemplar gigantesco da bandeira brasileira está
permanentemente hasteado a cem metros de altura, no alto do mastro plantado na
Praça dos Três Poderes, em Brasília. A construção do mastro em aço é
considerada a maior do gênero no mundo, para bandeiras nacionais. A nossa ali
hasteada consta no Guiness Book como a maior bandeira regularmente hasteada do
mundo, medindo 286m2.
Fontes:
masmoulin.blog.lemonde.
http://masmoulin.blog.lemonde.fr/category/aquarellistes/pratiques-dhier/francais-du-19eme-siecle/. Acesso em: 19/01/2015.
Wikipédia,
a enciclopédia livre.
Acesso
em: 19/01/2015.
Wikipédia,
a enciclopédia livre.
Acesso
em: 19/01/2015.
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