Translate

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Dom Pedro I, do Brasil (e IV, de Portugal) – breve esboço de sua vida.


Todos conhecem ao nosso primeiro monarca e fundador do Império do Brasil, que veio com a família, ainda menino para o Brasil, para fugirem todos da invasão francesa praticada contra Portugal, pelo imperador Napoleão I.
 
Seu pai, a princípio regente da coroa, em substituição a mãe, a rainha Dona Maria I, que enlouquecera, era Dom João, depois rei D. João VI. Que se tornou monarca, por força das circunstâncias, não por gosto e que era extremamente acomodado, tanto que aclimatou-se bem no Brasil, e daqui não queria sair. Só voltou a Portugal obrigado pelo parlamento português, que se ressentia ser o Brasil a sede da monarquia lusitana. Deixou o filho o principe D. Pedro e sua biblioteca aqui, e tudo indica que pretendia voltar um dia, mas os fados políticos o impediram, pois sobreveio após a independência brasileira, com o principe a frente do novo país.
Dom Pedro I governou o vasto Império do Brasil com pouca mão de obra qualificada para o poder, sem telefone, quase sem estradas, sem trem. O meio de transporte mais rápido era o cavalo quando chegou aqui, menino de apenas nove anos. E ainda era o cavalo quando partiu, para morrer em Portugal. Felizmente, era excelente cavaleiro e entendia muito de cavalos, por isto sempre andava muito bem montado neles.
Naquela época recolhia-se cedo ao leito. O que explica porque ele teve 18 filhos: sete com a imperatriz Leopoldina; um com Dona Amélia, sua segunda esposa; cinco com a marquesa de Santos, sua amante; dois com uma francesa chamada Noemy Thierry; um com a baronesa de Sorocaba, irmã da marquesa de Santos; um com a uruguaia Maria del Carmen; um com outra amante francesa, chamada Clémence Saisset; e um chamado Pedro com a monja portuguesa Ana Augusta nos Açores.
E apesar de suas traquinagens amorosas acordava bem cedo e logo saia a trabalhar. Visitava navios de guerra, ia a quartéis, fiscalizava pessoalmente o comércio para coibir abusos, etc., mas não esquecia o lazer e gostava de frequentar sempre aos teatros. Tendo observado as fraudes, que se cometiam contra seu pai, Dom João, cuidava de acompanhar as contas de sua casa e até escriturava livros de contabilidade pessoalmente. Era sem dúvida muito ativo!
As cores verde e amarelo de nosso país foram uma ideia de Dom Pedro, pois o verde era a cor da Família dos Braganças, e o amarelo, a cor da Casa de Habsburgo, as quais respectivamente pertenciam D. Pedro e Dona Leopoldina. Usando as duas juntas associava o Brasil soberano aquelas duas famílias reais. E elas combinaram tão bem com o novo estado, que persistem até hoje em nossa bandeira.
Politicamente, ele teve um discurso liberal, mas possuía uma índole autoritária, e esta o impedia de executar os ideais que tinha ou dizer ter. Isto não me admira muito, pois D. Pedro era filho de um rei absoluto, e foi criado como príncipe real numa corte absoluta, que venerava ao monarca e seus familiares. Dificilmente, ele poderia se tornar um liberal de verdade, por isto ficou só no plano das cogitações e dos discursos que proferiu.
Português de nascimento, viveu grande parte de sua vida no Brasil, e se dizia brasileiro por opção e de coração, mas não conseguiu naquela época congregar brasileiros e portugueses em torno dele. Depois do FICO aproximou-se dos brasileiros, especialmente por causa de José Bonifácio, e os prestigiou bastante. Mas, afastando-se de José Bonifácio reaproximou-se dos portugueses, tendo os brasileiros perdido a influência que antes possuíram. Com aqueles seguiu em frente impávido e assim granjeou a constante antipatia dos brasileiros. O marques de Barbacena, que era baiano, buscou efetivar uma nova aproximação entre o imperador e a população influente de origem brasileira, mas por causa de intrigas do áulico Chalaça, perdeu seu cargo de ministro, e teve que se afastar de Dom Pedro, que voltou as boas com os lusitanos, que o rodearam até a sua abdicação. Nisto se cumpriu a previsão de Barbacena, que lhe escrevera bem antes, que ele iria perder o trono por causa da má influência de “criados caixeiros portugueses”.

Bem antes disso recebeu por herança o trono português face a morte do rei Dom João VI, do qual abdicou, em favor da filha, a princesa brasileira Maria da Glória, que por sua vez foi dele despojada pelo tio, o infante Dom Miguel, aproveitando-se este do desprestígio do irmão imperador em Portugal. Com isto o país teve um novo rei, Miguel.
Tendo abdicado do trono brasileiro partiu para a Europa e nunca mais retornou ao Brasil. Ali, se dedicou a restaurar no trono a legítima rainha, sua filha, Maria da Glória, que fora despojada de sua herança real pela ação do tio, o príncipe Miguel. Para tal teve que guerrear o irmão, ao qual venceu, entronizando a filha, agora rainha Dona Maria II. Morreu logo depois, como todos sabem. Note-se, que isto foi uma grande façanha bélica e política, pois ele era antipatizado em Portugal, cuja população no geral apoiava ao seu irmão, e só venceu pela habilidade própria e de alguns importantes auxiliares, o inglês Charles Napier e os portugueses, Duque de Terceira e Duque de Saldanha, em contraste com a deficiente atuação das hostes miguelistas, de seus comandantes e de seu próprio generalíssimo, Dom Miguel.
Teve uma vida muito movimentada, foi monarca em dois países, Brasil e Portugal, e figura na história destes dois estados em local proeminente. Ele viveu apenas 36 anos, mas em tão breve vida fez mais do que muitos que morreram, não de tuberculose como ele abatido em plena mocidade, mas extremamente idosos. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário