O enorme conflito foi analisado neste vídeo do The History Channel, no qual foram ouvidas personalidades dos vários lados do mesmo, sendo de boa qualidade e estando em português. Assistam:
Eu gostei do vídeo, embora
discordasse aqui e ali dos entrevistados, mesmo concordando parcialmente com
vários deles. Mas, quero deixar aqui sucintamente a minha própria.
Achei e acho, que a Guerra da
Tríplice Aliança nunca deveria ter ocorrido, e deveria ter sido evitada com
maior empenho pelos vários contendores, algo do qual tratarei melhor
oportunamente.
A mesma terminou com o
esmagamento do Paraguai, que ao seu final tornou-se apenas uma "terra de
ninguém", devastado e humilhado. Porém, ela ocasionou enormes prejuízos
econômicos ao Brasil e ainda fortes e amplas perdas humanas (algo como 50.000
brasileiros mortos). A Argentina, a princípio humilhada e invadida, além de
pilhada pelos guaranis, em bem menos de um ano teve seu território ocupado
espontaneamente evacuado por estes, que por razões militares e políticas
bateram militarmente em retirada. E no curso restante da contenda durante
aproximadamente quatro anos amealhou grandes capitais vindos do Brasil e ali
aplicados em compra de animais de tiro e de tração, carvão para uso dos navios,
alimentos para homens e animais, bem como no pagamento de diversos serviços. Um
grande negócio, do qual este país e a elite comercial de seu povo foram os grandes
beneficiários. Tais alguns dos resultados dela decorrentes fora o inevitável
cortejo maléfico de todas as guerras.
Sobre a Guerra do Paraguai existe o vídeo a seguir,
produzido em 2014 pela TV Escola, que é um canal de televisão do Ministério da
Educação brasileiro, e que vale a pena ser assistido, pois foi feito em
locações externas nos quatro países envolvidos naquela contenda (Brasil,
Argentina, Uruguai e Paraguai), mostrando cenas deles e ainda boas entrevistas
com alguns elementos representativos dos mesmos. E com excelente conteúdo
histórico narrando didaticamente a mesma e ainda estando bem ilustrada com imagens
de então. Afinal, o tema é bastante controvertido, despertando paixões e
clamores mesmo nos dias de hoje, especialmente na terra guarani, sendo este
vídeo, que é recente, muito valioso. O mesmo foi dividido em quatro partes.
Assistam a primeira parte:
Assistam a segunda parte:
Assistam a terceira parte:
Assistam a quarta e última parte:
Para ultimar quero apenas dizer,
que como antes escrevi era essencial evitar-se a guerra antes que ela
irrompesse. Penso assim olhando a guerra do seu termino (1870) até o ultimo ano de paz
(1864). Da parte de Solano Lopes, tirano guarani, isto seria extremamente
improvável, pois ele variava nos seus humores, eventualmente até parecia
razoável e ora aqui e ali se mostrava irascível e truculento. Isto ele mostrou
nos anos que antecedem o conflito, a partir de 1862, preferindo, porém, nos
últimos tempos de paz em radicalizar e endurecer a sua posição política externa.
Provavelmente, por sentir-se melindrado com a indiferença brasileira as suas
gestões diplomáticas. Seu país era uma dura ditadura, sem constituição, com um
parlamento subjugado e apenas nominal, sem órgãos de imprensa fora a oficial,
sendo ali inexistente qualquer oposição política. De feitio egocêntrico Lopes
era o único centro de decisão e de poder em seu país, ainda não permitindo, que
nenhum paraguaio o aconselhasse, ou ao menos opinasse sobre os temas guaranis
de governo. Também o Paraguai não mantinha nenhum representante diplomático
residente e permanente em nenhum dos estados vizinhos, inclusive no Brasil. Por
isto dependia daquilo que o próprio Lopes recolhia de informantes, de uns
poucos agentes e de diversos políticos platinos que conhecia. Nosso país há
muito mantinha uma legação permanente com um diplomata residente em Assunção,
mas não foi feliz na escolha dos dois últimos deles – o encarregado de negócios
Caetano Maria de Paiva Lopes Gamae o ministro residente, César
Sauvan Viana de Lima; o primeiro, acabou incompatibilizado com Lopes e antes de
desligar-se até saiu de Assunção para assim evitar novos atritos; e o segundo,
que chegou ao seu posto três meses antes da guerra irromper, tinha pouca
familiaridade com o local e as pessoas gradas dali. O político José Antônio
Saraiva, que se achava no Uruguai em missão diplomática especial, até aventou a
possibilidade de ser credenciado pelo governo para conversações com Solano
Lopes, isto meses antes do início do conflito com o Paraguai. Mas, o assunto
não teve continuidade, aparentemente por desinteresse do gabinete então no poder,
dirigido por Zacarias de Góis e Vasconcelos e cujo ministro do exterior era
João Pedro Dias Vieira, sendo possível que isto se devesse a posição oficial,
que pregava que o Paraguai nada tinha a ver com fatos ocorridos no Uruguai e relacionados
ao Brasil. Algo formalmente correto, que tinha pleno respaldo na legalidade
internacional então vigente. O pior foi, que por falta ou imprecisões de informações vindas de
nossos diplomatas residentes naquele país, não se levou devidamente em conta os
bem anteriores preparativos militares ali feitos (recrutamento e treinamento de
grandes contingentes, fabricação e importação de armas e fabricação de pólvora
e munições de guerra), o total teor das tenazes intrigas politicas oriundas dos
governos "blancos" uruguaios com seu congênere guarani (o Uruguai
ansiava por apoiomilitar, econômico e
político do Paraguai para se contrapor primeiro a Argentina e depois ao Brasil)
e as grandes ambições secretamente cultivadas por Lopes e relacionadas aos
estados da Bacia do Prata, especialmente a Argentina e ao próprio Uruguai.