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domingo, 15 de fevereiro de 2015

A Monarquia Brasileira em 1889 estava assentada em areia (II).

(ampulheta)
 
O tempo da monarquia brasileira estava se esgotando em nosso país. O velho imperador bastante doente viajou ao exterior em 1887 para tratar-se e confiou a princesa Isabel a condição de regente em sua ausência. Esta, ardorosa abolicionista forçou a saída do gabinete do Barão de Cotegipe, que então governava, e chamou para substitui-lo um fiel partidário dela, o senador imperial João Alfredo, o qual aceitou o cargo com o compromisso de promover a abolição em tempo recorde, o que ele realmente fez, pois em 1888, entre 08 de maio e 13 deste mês, com o seu trabalho político promoveu-se a legal abolição da escravatura, aprovada nas duas casas do parlamento  e que foi sancionada pela regente neste mesmo dia, um domingo, com grandes festejos populares e vistosas homenagens a princesa. A mesma foi depois agraciada pelo Papa Leão XII com a Rosa de Ouro, uma homenagem na época excepcional na Igreja Católica. Este foi o verso da moeda. 
 

(em belo pergaminho a lei isabelina)
   



(Dia da abolição da escravatura – a população aclama a princesa no paço da cidade)
Mas, a mesma moeda tinha o seu reverso, pois a abolição promovida pela Princesa Isabel, da forma que foi feita, ajudou bastante a precipitar a queda da monarquia. A cidade do Rio de Janeiro era vizinha do Vale do Paraíba, aonde se concentravam os mais importantes escravocratas do país. A “abolição” sem indenização a eles os arruinou economicamente, e diga-se a bem da verdade, a lei era inconstitucional, pois violava a garantia e proteção à propriedade privada nela prevista. Mas, então não havia a quem recorrer, pois o judiciário da época não a controlava, nem a fiscalizava. O prejuízo daqueles latifundiários foi grande e a sua raiva ainda maior, dizendo-se que eles se tornaram os “republicanos do 14 de maio” (dia posterior ao da lei).

Diga-se a bem da verdade, que o império não teria dinheiro para indenizar os senhores de escravos, pois haviam então 700 mil cativos no país e eles valeriam algo como 210 milhões de contos de réis, sendo o orçamento do pais então de 165 milhões de contos de réis. Sobre isto Joaquim Nabuco até disse: “O Brasil não é bastante rico para apagar o seu crime”. Estudiosos então aventaram a tese, de que se tivesse havido uma indenização pela libertação dos escravos, consistindo na emissão de títulos resgatáveis em 30 anos, haveria a chance de se ter tido uma Imperatriz Isabel I, como sucessora do Imperador Dom Pedro II. Uma mera conjectura, afinal, pois haviam outros fortes óbices submersos a tanto, aqui referidos por mim, fora a indenização não concedida aos escravocratas. Para mim, no fundo esta foi a última porção d’agua numa jarra já quase cheia deste liquido.
  



 
  (escravos em duro labor)


Aquele era o último apoio à monarquia e o que estava dela mais próximo. Pois a Igreja e o Exército já não o apoiavam desde tempos. E nem os monarquistas, temerosos de um “terceiro reinado clerical”, especialmente os maçons, estavam dispostos a se sacrificarem por Isabel e Gastão, nem previam muito tempo de vida para o idoso e sempre doente D. Pedro II. Uma amostra disso veio de um antigo político conservador, o Barão de Cotegipe, que no ano de 1889, mas antes da proclamação, quando convidado a abraçar a república, respondeu ao seu interlocutor: "Pode estar tranquilo, que eu não lhe faço oposição". Por isso e outras se vê, que a monarquia, antes sólida, repousava então num mar de areia, podendo por ele a qualquer tempo ser engolida.
 
Tal o melancólico quadro que existia, quando em 07 de junho de 1889, D. Pedro II nomeou o seu 36.° e último gabinete, chefiado pelo Visconde de Ouro Preto, do Partido Liberal, um homem honesto e decidido, mas extremamente rigoroso, exigente e um renitente teórico, que era advogado e professor de direito, além de político militante. Ouro Preto sentindo a repulsa de muitos militares as políticas da monarquia tratou de escolher e nomear para as pastas da Guerra e Marinha, dois oficiais-generais, fato pouco usual então - o Visconde de Maracaju e o Barão de Ladário, ambos ex-combatentes da Guerra do Paraguai. Isto aparentava ser um gesto de aproximação com os militares descontentes. Por liberalidade e sem atentar as futuras consequências permitiu que o Marechal Deodoro fosse desligado de sua missão militar fronteiriça e voltasse ao Rio.
 
Mas o tempo ainda existente era curto  e se escoava rapidamente, como a história demonstrou depois, pois Ouro Preto tornou-se presidente do conselho de ministros em  junho do último ano da monarquia, e Maracaju no saldo de tempo restante, permaneceu em boa parte dele afastado por doença, o que colocou na prática o Marechal Floriano Peixoto, Ajudante General do citado ministério a frente dele, pois o ministro interino Candido de Oliveira, que era da pasta da Justiça,  mais referendava as propostas deste, do que deliberava diretamente. Floriano, era um homem frio e dissimulado, além de bastante desleal, que secretamente abominava a monarquia e que também cultivava interiormente velhos ressentimentos. Enfim, ele certamente não era a pessoa indicada para uma ocasião de extrema crise, como ela acabou sendo afinal e que ao eclodir iria exigir a total lealdade dos chefes militares ao regime vigorante.


 

 
(Visconde de Ouro Preto)






(continua...)

Um comentário:

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