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(ampulheta)
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O tempo da monarquia brasileira estava se esgotando em nosso país. O
velho imperador bastante doente viajou ao exterior em 1887 para tratar-se e
confiou a princesa Isabel a condição de regente em sua ausência. Esta, ardorosa
abolicionista forçou a saída do gabinete do Barão de Cotegipe, que então
governava, e chamou para substitui-lo um fiel partidário dela, o senador
imperial João Alfredo, o qual aceitou o cargo com o compromisso de promover a
abolição em tempo recorde, o que ele realmente fez, pois em 1888, entre 08 de
maio e 13 deste mês, com o seu trabalho político promoveu-se a legal abolição
da escravatura, aprovada nas duas casas do parlamento e que foi
sancionada pela regente neste mesmo dia, um domingo, com grandes festejos
populares e vistosas homenagens a princesa. A mesma foi depois agraciada
pelo Papa Leão XII com a Rosa de Ouro, uma homenagem na época excepcional na
Igreja Católica. Este foi o verso da moeda.
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(em belo pergaminho a lei isabelina)
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(Dia da abolição da escravatura – a população aclama a princesa no paço
da cidade)
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Mas, a mesma moeda tinha o seu reverso, pois a abolição
promovida pela Princesa Isabel, da forma que foi feita, ajudou bastante a
precipitar a queda da monarquia. A cidade do Rio de Janeiro era
vizinha do Vale do Paraíba, aonde se concentravam os mais importantes
escravocratas do país. A “abolição” sem indenização a eles os arruinou
economicamente, e diga-se a bem da verdade, a lei era inconstitucional, pois
violava a garantia e proteção à propriedade privada nela prevista. Mas, então
não havia a quem recorrer, pois o judiciário da época não a controlava, nem a
fiscalizava. O prejuízo daqueles latifundiários foi grande e a sua raiva ainda
maior, dizendo-se que eles se tornaram os “republicanos do 14 de maio” (dia
posterior ao da lei).
Diga-se a bem da
verdade, que o império não teria dinheiro para indenizar os senhores de
escravos, pois haviam então 700 mil cativos no país e eles valeriam algo como
210 milhões de contos de réis, sendo o orçamento do pais então de 165 milhões
de contos de réis. Sobre isto Joaquim Nabuco até disse: “O Brasil não é
bastante rico para apagar o seu crime”. Estudiosos então aventaram a tese, de
que se tivesse havido uma indenização pela libertação dos escravos, consistindo
na emissão de títulos resgatáveis em 30 anos, haveria a chance de se ter tido
uma Imperatriz Isabel I, como sucessora do Imperador Dom Pedro II. Uma
mera conjectura, afinal, pois haviam outros fortes óbices submersos a
tanto, aqui referidos por mim, fora a indenização não concedida aos
escravocratas. Para mim, no fundo esta foi a última porção d’agua numa
jarra já quase cheia deste liquido.
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(escravos em duro labor)
Aquele era o último apoio à
monarquia e o que estava dela mais próximo. Pois a Igreja e o Exército já não o
apoiavam desde tempos. E nem os monarquistas, temerosos de um “terceiro reinado
clerical”, especialmente os maçons, estavam dispostos a se sacrificarem por
Isabel e Gastão, nem previam muito tempo de vida para o idoso e sempre doente
D. Pedro II. Uma amostra disso veio de um antigo político conservador, o
Barão de Cotegipe, que no ano de 1889, mas antes da proclamação, quando
convidado a abraçar a república, respondeu ao seu interlocutor: "Pode
estar tranquilo, que eu não lhe faço oposição". Por isso e outras se
vê, que a monarquia, antes sólida, repousava então num mar de areia,
podendo por ele a qualquer tempo ser engolida.
Tal o melancólico quadro que existia, quando em 07 de junho de 1889, D.
Pedro II nomeou o seu 36.° e último gabinete, chefiado pelo Visconde de Ouro
Preto, do Partido Liberal, um homem honesto e decidido, mas extremamente
rigoroso, exigente e um renitente teórico, que era advogado e professor de
direito, além de político militante. Ouro Preto sentindo a repulsa de muitos
militares as políticas da monarquia tratou de escolher e nomear para as
pastas da Guerra e Marinha, dois oficiais-generais, fato pouco usual então - o
Visconde de Maracaju e o Barão de Ladário, ambos ex-combatentes da Guerra do Paraguai.
Isto aparentava ser um gesto de aproximação com os militares descontentes. Por
liberalidade e sem atentar as futuras consequências permitiu que o Marechal
Deodoro fosse desligado de sua missão militar fronteiriça e voltasse ao Rio.
Mas o tempo ainda existente era curto e se escoava rapidamente, como a
história demonstrou depois, pois Ouro Preto tornou-se presidente do conselho de
ministros em junho do último ano da monarquia, e Maracaju no saldo de
tempo restante, permaneceu em boa parte dele afastado por doença, o que colocou
na prática o Marechal Floriano Peixoto, Ajudante General do citado ministério a
frente dele, pois o ministro interino Candido de Oliveira, que era da pasta da
Justiça, mais referendava as propostas deste, do que deliberava diretamente.
Floriano, era um homem frio e dissimulado, além de bastante desleal, que
secretamente abominava a monarquia e que também cultivava interiormente
velhos ressentimentos. Enfim, ele certamente não era a pessoa indicada
para uma ocasião de extrema crise, como ela acabou sendo afinal e que ao
eclodir iria exigir a total lealdade dos chefes militares ao regime vigorante.
(Visconde de Ouro Preto)
(continua...)
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